domingo, 23 de dezembro de 2012

Aproveitar cera para equilibrar as contas

   O dia hoje, amanheceu como eu gosto: fresco, com nevoeiro, sem vento mas a deixar antever que lá para o final da manhã, o sol iria brilhar. Nestes dias gosto de praticar atletismo, ouvir a água a correr nas ribeiras e regatos... contatar a natureza de um modo geral. Gosto também de me aplicar em tarefas que começem e terminem no mesmo dia e que sei que as tenho que realizar. Gosto de chegar ao fim do dia e dizer: já está; agora só para o ano que vem.
   Hoje foi dia de derreter cera. Aproveitei algum tempo livre, neste curto período de férias de Natal e enquanto a minha esposa ocupou o dia com os fritos da época, eu tirei o dia para derreter cera e escaldar quadros. A cera que aproveito ajuda a equilibrar as contas da apicultura. Normalmente vendo a cera e depois compro cera moldada a 7,50 - 8,50 €/Kg. Este ano vou fazer diferente: entrego a cera e pago a moldagem. O preço da moldagem anda por volta de 2,50 €/Kg.
   Utilizo o método mais tradicional: uma panela de alumínio de 56 L que comprei no OLX, água a ferver e a cera lá para dentro. Começo sempre pela cera proveniente da desoperculação dos quadros crestados. É a cera mais limpa e de melhor qualidade. Depois a cera dos quadros velhos.

Panela com água ao lume

 

Cera dos opérculos a derreter

Cera dos opérculos a derreter
 
Já com a cera derretida e fervida, passo-a para alguidares de plástico. Na altura de vazar a cera da panela para o alguidar, coloco uma rede por cima do alguidar por forma a reter alguma sujidade que a cera possa ter.
Cera fundida e coada em recipiente de plástico

Cera já solidificada dentro dos recipientes
 Passadas algumas horas a cera já está completamente solidificada. Retira-se do alguidar e o resultado final é este... um bloco de cera de abelha.
Bloco de cera de abelha
Como o dia estava quente depois do almoço ainda deu tempo para tirar umas fotos a outras tantas abelhas a trabalhar com afinco na flor de uma nespreira.
Abelha a recolher nectar e polen na flor da nespreira

Abelha a recolher nectar e polen na flor da nespreira
E pronto. Já está. Agora só para o ano que vem.
Obrigado por consultar o meu blogue.
 
 
    

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Cresta de final de primavera 2012

    Este ano confirmou-se como um ano fraco. A chuva tardia e escassa deste inverno e primavera, acabou por fazer de 2012 um ano pobre relativamente à produção de mel. Para além de pouco, o mel este ano é bastante escuro. Pior que este 2012, só 2005, com um inverno e primavera extremamente secos, tendo resultado um ano paupérrimo quanto à produção de mel.

   Como é hábito os dias de cresta começam cedo, por forma a terminar antes do calor começar a apertar. Este ano poucas colmeias estavam boas, a maior parte apresentava os quadros das pontas secos e só nos centrais algum mel. Mesmo assim, algumas colmeias  ainda apresentaram quadros como deve ser.

Alça cheia de mel.
Quadro cheio de mel antes de ser retirado da alça.

Quadro cheio de mel a ser retirado da alça.


Já em casa a cresta continuou da forma habitual, com o envolvimento de toda a família e os quadros a serem desoperculados de forma tradicional, com o auxílio de facas.
Quadro cheio de mel operculado.

Retirar a camada de cera que cobre o mel nos favos.

Quadro parcialmente desoperculado.

Quadro parcialmente desoperculado.
No final da cresta consegui ficar com ~400Kg, que é manifestamente pouco, para quem tem cerca de 50 enxames em condições de produzir mel. No próximo ano vai ser melhor ...

Este ano decidi não voltar a colocar as alças nas colmeias para recolher algum mel do cardo vindima.  Este cardo é pouco e está fraco. Não vai dar grande coisa; mais vale tratar as colmeias contra a varroa para não perder tantos enxames como no ano passado. Por outro lado, durante a cresta também registei que não há muita varroa, posso afirmar que não vi nenhuma, mesmo abrindo alguns favos com criação de zangão. Pode ser que a varroa dê tréguas por um mês ou dois.

Por outro lado detetei abelhas a trabalhar com afinco em cardos, nos quias normalmente não pegam e até numa roseira apanhei uma abelha a trabalhar. Para mim foram dois sinais da escassez que se vive nos campos.
Abelha a trabalhar numa flor de cardo.

Abelha a trabalhar numaflor de cardo.

Abelha a trabalhar numa flor de cardo.

Abelha a trabalhar numa roseira.

Abelha a trabalhar numa roseira.

E pronto foi assim a cresta de 2012. Para o ano há mais.

Obrigado por consulta o meu blogue.
Volte sempre.






domingo, 13 de maio de 2012

O apiário de Vendas Novas está bem composto

   Afinal as chuvadas que caíram no início de maio, ainda vieram dar um certo ânimo a este no apicola e a coisa até se pode compôr no que toca à produção de mel. O Alentejo está todo florido, com a soagem e o romaninho a darem muito que fazer às abelhas. As alças estão a encher de mel destas duas plantas. Ficam as imagens:
Rosmaninho em flor

Rosmaninho em flor

Flores de rosmaninho

Campo de soagem em flor


Campo de soagem em flor

Com tanta flor assim as colmeias estão a ficar compostas. O apiário de Vendas Novas está carregado de alças e tem este aspeto:
Aspeto geral do apiário de Vendas Novas

Colmeias com alças para a produção de mel
As terras apresentam humidade suficiente para as plantas se aguentarem e para além disso, durante a noite tem-se formado orvalho, que garante também a continuação da floração durante este mês de maio.

Relativamente à criação de rainhas e no que toca à fecundação das mesmas, este ano não correu bem. Penso que devido ao tempo que fez em abril, com vários dias consecutivos de frio, chuva e vento, as rainhas acabaram por não encontrar o tempo ideal para o voo nupcial. Uma maior percentagem de núcleos acabaram por ficar "zanganeiros". Nalguns após constatar este fato, meti-lhe um quadro com larvas e um ou mais alvéolos de abelha mestra. Noutros coloquei-lhe logo uma ou duas rainhas já nascida.
Não sei se vou conseguir salvar algum núcleo já zanganeiro, mas temos que fazer experiências e praticar para podermos tirar as nossas conclusões.

Por hoje é tudo. 
Obrigado por consultar o meu blogue. 

domingo, 29 de abril de 2012

Criação de rainhas (parte 2)

   Tal como tinha afirmado no post intitulado "Criação de rainhas (parte 1)", se tudo corresse bem, cerca de 10 larvas transferidas seriam aceites e transformadas em rainhas; pois bem, não foram 10 mas sim 11.
Quadro porta cúpulas com as abelhas a trabalhar nos alvéolos
reais.


Quadro porta cúpulas com 11 alvéolos reais visíveis. 5 na trave
de cima e 6 na trave de baixo.
Por esta altura, destes alvéolos já nasceram as rainhas em núcleos que tinha preparado. Numa rápida verificação que fiz ontem a alguns núcleos, verifiquei que ainda não há postura das novas rainhas. Vou esperar mais uns dias, aguardar que venham dias de sol mais quentes e fazer uma nova verificação.

Entretanto o passatempo continua com a apanha de mais alguns enxames. Desta feita um pequeno enxame no apiário de Vendas Novas. Estava num silvado num local bastante acessível. Foi fácil apanhá-lo para um pequeno núcleo.

Pequeno enxame de abelhas recolhidas nos ramos de um silvado

O mesmo enxame.
 

Enxame já sacudido do ramo para o núcleo.

Neste caso e uma vez que o tempo vai incerto e o enxame é pequeno, coloquei-lhe um quadro com mel no lado esquerdo. Quando as abelhas já estavam praticamente todas recolhidas, completei o núcleo com os quadros que faltavam; ao todo 7 quadros com lâmina de cera.

Por hoje é tudo.
Obrigado por consultar o meu blogue. 


quarta-feira, 4 de abril de 2012

O primeiro grande enxame de 2012

   Na passada 3ª-feira, dia 03 de abril, telefonou-me um colega de trabalho para me dizer que tinha um enxame de abelhas num poste de madeira, na entrada da sua casa. Soube deste meu passatempo e pediu-me que fosse recolher o enxame.
   Como o telefonema ocorreu a meio da tarde e com algumas horas de trabalho ainda pela frente, pensei que chegaria tarde.
   Cheguei a casa do colega por volta das 19:00 para fazer a recolha do enxame. Quando cheguei deparei com este enxame:
Enxame recolhido numa
coluna de madeira.



Enxame recolhido numa
coluna de madeira (lado
inverso)















Um enxame enorme e fácil de recolher.
Equipei-me, preparei a colmeia com 6 quadros com cera puxada e começei o trabalho.
Enxame a passar da coluna de madeira para a colmeia.
Enxame a passar da coluna de madeira para a colmeia
(entrada da colmeia)
Pormenor de algumas abelhas a chamar outras. Expoêm a
glândula de Nasonov e batem as asas por forma a espalhar
o cheiro. 
No fim as abelhas foram quase todas recolhidas, a colmeia foi tapada com a contratampa e preparada para o transporte.
Colmeia com a contratampa fixa por elásticos. Quase pronta
para o transporte. Só falta tapar a entrada com esponja.
E pronto, foi assim: o enxame ganhou casa nova, o meu colega livrou-se destas vizinhas bastante incómodas e eu fiquei com um enxame que, se correr tudo bem, dará uns bons 20Kg de mel.

O meu obrigado ao colega que me chamou para apanhar o enxame e a si por consultar o meu blogue.

domingo, 1 de abril de 2012

Criação de rainhas (parte 1)

   Finalmente a chuva regressou. Com ela os campos ganham outras cores; o lilás da soagem, o amarelo das leitugas, etc... As abelhas têm muito mais onde recolher polén e nectar e é vê-las a crescer de dia para dia.
   Relativamente ao tratamento que fiz com timol na semana passada, posso desde já afirmar que a eficácia não foi muito elevada. Na inspeção que fiz hoje, verifiquei varroas mortas nos estrados mas também varroas no dorso das abelhas. Voltei a repetir o tratamento da mesma forma.
   Para mim, em termos de apicultura, o fim de semana foi dominado pela criação de rainhas. No sábado verifiquei que o núcleo que fiz o fim de semana passado, estava orfão. Esse sinal foi dado pela presença de alvéolos reais.
Núcleo orfão para criação de rainhas.
A presença de alvéolos reais indica que o núcleo está orfão.
Com o núcleo orfão, o passo seguinte na criação de rainhas, é colocar o quadro porta cúpulas no centro da criação.
Quadro porta cúpulas.
Nesta fase, o quadro porta cúpulas, é colocado no núcleo durante cerca de 24h para que as abelhas lhe confiram o seu cheiro e desta forma reduzam a rejeição de larvas. Nesta fase, as taças no quadro porta cúpulas  não têm larvas.
   Passadas 24h as cúpulas estão já impregnadas com o cheiro da colmeia e propolizadas. Estão prontas para receber as larvas.
Pormenor de duas cúpulas propolizadas pelas abelhas.
Prontas para recebr larvas. 
Antes de colocar o quadro porta cúpulas com as larvas no núcleo, retirei o quadro que continha os alvéolos reais, para uma colmeia previamente orfanizada cuja rainha era de fraca qualidade e destrui todos os alvéolos reais que estavam noutro quadro do núcleo. Desta forma o núcleo ficou sem qualquer alvéolo real. Não retirei abelhas do núcleo.
Da colmeia selecionada para fornecer as larvas, retirei um quadro com larvas bastante jovens e com a ajuda de um piking chinês fiz a transferência de larvas muito jovens para as cúpulas.
Piking chinês para retirar larvas do quadro e colocar nas cúpulas.
Feita a tranferência das larvas para as taças do quadro porta cúpulas, coloquei o quadro no centro do núcleo. Vamos ver quantas larvas são aceites.  Se tudo correr normalmente, cerca de 10 larvas serão aceites.
Por hoje é tudo.
Obrigado por consultar o meu blogue. 


domingo, 25 de março de 2012

Experiência com Timol para controlar a varroa.

   Este ano de 2012 ficará marcado como um ano de grande seca. Como 2012 só me lembro de 2005, que em boa verdade se pode dizer que ainda foi pior; deixou de chover em outubro de 2004 e só voltou a chover em 9 de abril de 2005. É costume dizer-se: se chover nos próximos dias, pode ser que isto anime. Este ano, já lá vai: mesmo que a chuva venha nos próximos dias, será irremediável. Já não vem a tempo para o rosmaninho, para as estevas, etc... são plantas que gostam de ter a terra bem repassada nos meses de inverno, para ganharem pujança para os dias mais quentes de abril. Este ano os botões do rosmaninho são muito pequenos e estão secos, com muito pouco ou nenhum nectar. A flor da esteva nem um dia aguenta, tal é a secura.
   As abelhas têm aumentado mas sem o vigor de outros anos mais húmidos. As minhas por exemplo, ainda não demonstram qualquer sinal de querer enxamear. Por certo pressentem que os novos enxames têm poucas hipóteses de sobrevivência em virtude do pouco nectar existente nos campos.
   Não havendo prespetivas de aumentar o efetivo por intermédio de enxameação natural, temos que tratar dos enxames que possuimos, pois para a varroa parece que todas as condições atmosféricas são boas para se reproduzirem e dizimarem enxames. Foi o que fiz hoje; fui tratar algumas colmeias, nas quais tinha detetado algumas varroas e abelhas com as asas atrofiadas. Depois de tanto ter ouvido falar no timol, decidi experimentar. Como experiência decidi aplicar o timol em 8 colmeias.
Utilizei o seguinte material:
- ~96 g de cristais de timol (8 colmeias x 12 g timol /colmeia = 96 g timol);
- 160 ml de óleo vegetal (8 colmeias x 20ml óleo = 160 ml);
- 8 placas de esponja para arranjo floral;
- seringa;
- papel vegetal, folha de aluminio e saco plástico.

Pesar os cristais de timol.
Pesagem de ~96g de cristais de timol











Medir os 160ml de óleo vegetal e colocar num tacho. Aquecer o óleo até aos 60- 70 ºC.

Aquecer o óleo vegetal até aos 60 - 70ºC















Deixar o óleo arrefecer um pouco e adicionar os cristais de timol. Mexer com uma colher para que os cristais de timol se dissolvam no óleo.
Deixar o preparado arrefecer mais um pouco e com a seringa retirar 20ml do preparado. Aplicar os 20ml numa placa de esponja de arranjo floral.
8 placas de esponja impregnadas com 20ml de óleo e timol
Empilhar as placas de esponja, separadas por pequenas folhas de papel vegetal. Embrulhar tudo em folha de aluminio. Colocar num saco de plástico, fechar e colocar no frigorifíco (zona dos ovos).
No apiário colocar uma esponja em cada colmeia a tratar.
Colmeia com esponja impregnada com timol.
Não coloquei a esponja diretamente sobre a criação ao centro da colmeia, por receio de que a temperatura ambiente, já na casa dos 23ºC - 25ºC, faça com que o timol volatilize muito rapidamente e mate a maior parte da criação.  Depois tapar a colmeia e esperar que o timol mate as varroas existentes na colmeia.

Foi também dia de levar núcleos do apiário de Setúbal para o apiário de Vendas Novas. Ao todo levei 6 núcleos. É na esperança de que abril nos traga alguns dias de chuva, alimente alguma soagem e com ela consiga tirar alguns quilos de mel.
Núcleo em posição após o transporte

Depois de retirada a esponja todas
as abelhas querem ver a paisagem












Este ano, antecipando que vão ser muito poucos os enxames naturais, decidi criar rainhas e fazer alguns enxames. Para tal, hoje fiz um núcleo de 7 quadros, orfão e com dois quadros de criação prestes a nascer. Para não enfraquecer as colmeias, retirei um quadro com abelhas de outras tantas colmeias e coloquei num núcleo (tive o cuidado de inspecionar os quadros para verificar que nenhuma rainha estava presente). Tapei o núcleo e transportei para o apiário de Setúbal.

Colmeia forte de onde foi retirardo um quadro para fornecer
abelhas ao núcleo para criação de rainhas.
Núcleo de 7 quadros, orfão e cheio de abelhas.
Pronto para ser transportado.
Núcleo para criação de rainhas.
 O meu processo para criação de rainhas vou tentar explicá-lo nos próximos posts.
O dia deu ainda para tirar algumas fotos de abelhas na seu trabalho diário:
Abelha na flor de nabo
Abelha na flor de couve











Pessegueiro em flor
Abelha na flor de ameixeira











Por hoje é tudo.
Nos próximos posts com tentar explicar o meu processo de criação de rainhas.
Obrigado por consultar o meu blogue.