domingo, 30 de janeiro de 2011

Foi eficaz o trabalho do fim-de-semana passado

   A semana que passou foi de chuva, vento e frio aqui na região de Setúbal, mas hoje o dia apresentou-se com o céu limpo e sem vento. Por volta do meio-dia, aqueceu o suficiente para se poder abrir algumas colmeias e núcleos, afim de avaliar se o trabalho que foi feito a semana passada está a surtir efeito. Comecei por abrir um núcleo com 5 quadros. Vi que tinham reservas de mel e não vi nenhuma varroa no quadro que inspeccionei. Pareceu-me tudo normal. Voltei a colocar  a contra-tampa e passei para o seguinte.

Núcleo que trouxe de Vendas Nodas
ainda com a esponja na entrada


Quadro do núcleo com abelhas e mel
(reservas)

No núcleo seguinte, um núcleo com 4 quadros a surpresa foi maior. Este núcleo tinha recebido um quadro com mel no passado dia 15 de aneiro.

Núcleo de 4 quadros ainda
com esponja na entrada depois
do tranporte
Quadro com criação operculada
e abelhas

Quadro com abelhas e criação
operculada
Como se pode ver o núcleo já apresenta criação operculada e por sinal bastante homógenea, sem falhas, denotando uma rainha jovem e vigorosa. Nos alvéolos à volta da criação existem ovos e larvas. Nos alvéolos um pouco mais afastados nectar e polen.
   Não esperava que este núcleo já tivesse criação tão avançada mas esperava ver polen e nectar. Foi por isso que trouxe estes enxames mais fracos para a zona de Setúbal. O hospital está a funcionar.




Os outros núcleos e colmeias que trouxe, um pouco mais fortes que estes dois núcleos, encontram bastante bem. Por certo vão safar-se.

   Ao inspeccionar outras colmeias deparei com um núcleo de 7 quadros em que o tratamento contra a varroa não foi eficaz. Este núcleo está avançado e nesta altura já tem 5 quadros lusitanos cheios de criação. Quanto a mim este facto só vem provar que o tratamento contra a varroa deve ocorrer quando a criação é minima. Só assim o tratamento, penso que com qualquer produto, é eficaz. Quando se faz a cura com muita criação operculada ficam sempre varroas vivas dentro dos alvéolos operculados. Neste caso é preciso voltar a curar a colmeia. Foi o que fiz hoje e possivelmente vou ter de voltar a fazê-lo mais duas ou três vezes. Trabalho para outros fins-de-semana.

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domingo, 23 de janeiro de 2011

Apiário Hospital

   No livro "Tratado prático de apicultura" do Sr. Joaquim Fernandinho, a páginas tantas o autor fala sobre a necessidade de em cada apiário haver uma colmeia hospital. Essa colmeia, segundo o autor, tem a função de socorrer outras, que por qualquer razão se encontram mais fracas; deverá fornecer reservas a colmeias que tenham falta de alimento e fornecer quadros com criação ou mesmo abelhas para ajudar a aumentar o efetivo de abelhas no enxame.
   A minha experiência na apicultura diz-me que em certos anos ter uma colmeia hospital não é suficiente, é preciso ter um apiário a servir de hospital. É o que me está a acontecer este ano.
   O ano passado foi um ano de muitos enxames, pequenos e alguns bem tardios. Como houve muita flor quase todos vigaram mas não tiveram tempo para puxar cera em mais de 5 a 6 quadros. Chegados a esta altura e como tem chuvido bastante estão a ficar sem reservas.
   Na zona de Vendas Novas, que dista cerca de 50km de Setúbal, o Inverno é bem mais rigoroso que aqui em Setúbal. Em especial durante a noite as teperaturas descem bem mais que aqui junto da cidade e do mar. Hoje por exemplo cerca das 6:30 da manhã em Setúbal, o termómetro marcava 8ºC e em Vendas Novas junto ao apiário ás 7:30 marcava 2ºC.
   No fim de semana passdo quando visitei o apiário de Vendas Novas, apercebi-me que tinha de alimentar rapidamente alguns exames  pequenos (núcleos) sobe pena de os perder. Com as temperaturas a descer e conhecendo eu o rigor do Inverno na zona de Vendas Novas relativamente a Setúbal, optei por não alimentar as colmeias mais fracas mas sim trazê-las para o apiário de Setúbal. Neste apiário não só tenho colmeias com reservas para socorrer os enxames que trouxe, como estes vão beneficiar de temperaturas mais amenas e de maior abundância de flores nesta altura do ano. É o meu apiário hospital.
   Manhã bem cedo lá fui eu buscar ao apiário de Vendas Novas 6 colmeias para o apíário de Setúbal. As colmeias a movimentar já tinham sido previamente identificadas; hoje foi só tapar-lhes a entrada com esponja e fixar com elásticos a contra-tampa o ninho e o estrado. 

Colmeia com entrada tapada com esponja
Núcleo com entrada tapada com esponja

 Por questões de segurança durante o transporte, nas colmeias em que tenho receio de haver deslocação entre o ninho e o estrado ou a contra-tampa fixo tudo com elásticos.
Colmeia com elásticos a segurar o ninho, a contra-tampa e o estrado
Aqui a colmeia 23 já se encontra no novo apiário em Setúbal. Quando instalo as colmeias num novo apiário
abro apenas uma pequena parte da entrada para que as abelhas notem que há qualquer coisa diferente, fazendo com que inspeccionem melhor o local onde se encontram evitando assim extravio de abelhas.

Nas próximas semanas vou avaliar se este trabalho ainda foi a tempo de salvar 6 enxames que por certo mesmo a dar-lhe quadros com mel de outras colmeias não seria suficiente para as safar. 

No regresso a Setúbal ainda deu para ver que os sagueiros já estão a começar a florir. É mais um prenúncio de que a Primavera não tarda.

Salgueiro no início da floração


 
  

Salgueiro no início da floração
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sábado, 15 de janeiro de 2011

15 de Janeiro - Dia de ataque à varroa

   Hoje o tempo permitiu e bem cedo, lá fui eu combater a varroa nas minhas colmeias. Para quem não sabe, a varroa é um parasita das abelhas; utiliza as criação destas, enquanto larvas, para se alimentar e nos alvéolos fechados, aproveita para se reproduzir. Grande parte das larvas quando atacadas não chegam a nascer e as que nascem, apresentam as asas completamente atrofiadas. Por ser uma parasita da criação, um enxame quando atacado por varroas, morre rapidamente (1 a 3 meses). A varroa é hoje em dia o maior problema da apicultura a nível mundial.
   Nesta altura do ano aqui pela região de Sétubal / Vendas Novas, as colmeias têm muito pouca ou nenhuma criação, tornando o ataque às varroas bastante eficaz, preparando-as assim para um bom arranque no início da Primavera. É quanto mim a melhor altura do ano para combater a varroa.

... e lá fui eu direito a Vendas Novas, onde tenho o meu maior apiário e de onde retiro a maior parte do mel que produzo.


     Para combater as varroas este ano utilizei ripas de choupo embebidas em Klartan diluído com água. A colocação das ripas nas colmeias foi diferentes dos anos anteriores: em vez de abrir as colmeias retirando a contra-tampa e aplicar as ripas entre os quadros, decidi introduzir as ripas de pela entrada das colmeias. Evitei arrefecer as colmeias e o trabalho foi muito mais rápido; consegui curar cerca de 80 colmeias e ás 17:30 já estava em casa. Já tinha testado este método anteriormente com aparente sucesso. Vamos ver como vai ser agora...

Deu ainda tempo para abrir duas colmeias para ver como estavam de reservas. Este tem sido um ano com muita chuva, que tem obrigado as abelhas a ficar em "casa" a comer as reservas. As que tiverem menos reservas vão ter de ser ajudadas porque, por aqui (Vendas Novas), só Abril trará abundância com o rosmaninho e a soagem. Trabalho para outro fim-de-semana próximo.
Não é o caso destas que se apresentam com muitas abelhas e quadros cheios de mel. Não preciso de me preocupar com estas. Só as volto a abrir para renovar ceras.


   No regresso para Setúbal ainda deu para ver uma familia da javalis, que por certo um dia serão "feijoada".
  
   E um outro momento de inegável beleza... é que a planície alentejana parece estar coberta de neve.

Na verdade são milhões de flores de margaça que fazem com que os campos verdes apresentem manchas brancas que fazem lembrar a neve. É o nosso Alentejo... mais palavras para quê.

É também por estes momentos e outros que virão em cada estação do ano, que considero a apicultura um passatempo completo e que ajuda a aliviar a cabeça depois de uma semana de trabalho.

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domingo, 9 de janeiro de 2011

Chuva a mais chuva

    Nesta primeira semana de Janeiro de 2011 a chuva não deu tréguas. Com o tempo assim não se pode mexer nas abelhas; mas o tempo vai avançando e o trabalho fica por fazer.
    Hoje amanheceu com o céu completamente nublado mas depois lá aliviou um pouco e no final da manhã o Sol até espreitou. Aproveitei para verificar o efeito do tratamento contra a varroa que fiz num núcleo no passado dia 24/12/2010. Abri o núcleo e verifiquei que estava tudo normal: não vi varroas nas abelhas, não houve diminuição de efectivo e no fundo do núcleo algumas varroas mortas. Tudo normal; assim que o tempo permitir tenho que tratar todas as colmeias.













     Como o Sol a aparecer por entre as nuvens e a temperatura ambiente amena, não resisti e abri mais duas colmeias. Tive uma surpresa na primeira; uma colmeia com ninho e alça igual ao ninho, com todos os quadros da alça cheios de abelhas. Se tudo correr bem quando fizer desdobramentos esta colmeia, por certo vai permitir-me fazer três núcleos bons.

 










As previsões apontam para uma certa melhoria nas condições meteriológicas durante a próxima semana. Vamos ver se vai dar para tratar as colmeias contra a varroa durante o fim de semana.

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Há dias assim...

Há dias assim... em que acordamos por cima das nuvens.
Para quem como eu, que moro desde sempre em zona de terreno pouco acidentado, acordar na montanha por cima das nuvens e com o Sol a brilhar, é no mínimo, motivo de admiração. Foi o que me aconteceu no passado dia 2 de Janeiro na Serra do Caramulo. Foi sem dúvida um espetáculo.

Uma volta pela vila do Caramulo e deparei com uma planta que só conhecia por vê-la em livros e em imitações de plástico por esta altura do Natal: azevinhos cheios de bagas vermelhas, que penso não serem a flor do arbusto mas sim sementes num estágio intermédio de maturação (se estiver a dizer algo errado alguém que me corrija). São de facto plantas muito bonitas e que se devem dar muito bem naquela zona a julgar pela sua cor e pujança.

Deparei também com a Associação de Apicultores da Serra do Caramulo. Na sede está patente uma pequena mostra de material apícola, cartazes vários com o tipo de abelhas que habitam numa colmeia, a sua função, o seu ciclo de vida, etc... e como não podia deixar de ser algum mel para venda.
Em conversa com quem habita por ali, é apicultor e faz parte da associação, fiquei a saber que o mel na serra do Caramulo é predominantemente de urze. É um mel bastante valorizado por ser um mel de serra, quase monofloral de sabor e cheiro bastante intenso e característico. Em termos de cor é um mel escuro.
O tipo de colmeia predominante é a Langstroth. A Reversível e a Lusitana são utilizadas mas em menor quantidade.
Por a serra ser fria, as abelhas arrancam mais tarde do que em zonas mais amenas, como por exemplo junto à costa. Pelo que entendi,
os apicultores que por ali levam a apicultura mais a sério, trazem colmeias para apiários junto à costa e a partir destes, fazem no ínicio da Primavera, desdobramentos de modo a aumentar o efectivo. Depois levam para a serra algumas colmeias e outras permanecem junto à costa. Destas o mel que é extraído não é tão valorizado como o mel da serra.
Pelo que entendi, também por ali, em 2010, o mel não chegou para as encomendas. Penso que foi um pouco assim por todo o lado.
Na descida da serra encontrei mais algumas belezas naturais que registei com agrado e alguma surpresa.
O rio Águeda a correr com águas cristalinas.
Mimosas em flor, a 2 de Janeiro de 2011 na serra fria (pareceu-me estranho). Aqui na região de Setúbal só vamos ver isto em finais de Janeiro.
Foi um excelente dia de contacto com a natureza. Algo de que todos os apicultores gostam.

Até breve. (hoje já não vou dizer qual o próximo tema para não voltar a errar)

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