segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Reunião de colmeias pelo método do "jornal"

   Todos aqueles que se dedicam à apicultura devem saber como se faz a reunião de duas colónias, sem que as abelhas se matem umas às outras. Quase todos os anos, se não mesmo todos os anos, é preciso recorrer a este procedimento para salvar abelhas de uma colónia que está sem mestra.
   O procedimento que a seguir vou descrever para a junção de enxames é aquele que sei e pratico. Por certo há outros mas eu não os pratico.
   A reunião de duas colónias tem por objectivo salvar abelhas de uma colónia que está sem abelha mestra ou fortalecer com abelhas, uma colónia que está fraca e que se antecipa, por exemplo, que vai ter dificuldades em resistir ao Inverno, com o efectivo que possui.
   Para reunir dois enxames existe uma só condição que é preciso verificar: um dos enxames não pode ter abelha mestra. É preciso que esteja orfão.

O Procedimento
      
      Material
            - Um enxame com abelha mestra;
            - Um enxame sem abelha mestra;
            - Uma folha de papel (jornal, folheto de publicidade, etc...) que cubra toda a colmeia.

      Procedimento prático
      (neste caso o meu objectivo foi salvar abelhas de uma colmeia que estava sem abelha mestra)

Colmeia forte com mestra
- Escolher no apiário uma colmeia forte, que tenha a mesma secção que a colmeia que está orfã;
- Retirar a contra tampa da colmeia com mestra;
- Aplicar um pouco de fumo para acalmar as abelhas;







Colmeia forte com mestra coberta
com folha de panfleto
- Aplicar sobre a colmeia uma folha de jornal. A folha deve ter tamanho suficiente para tapar a colmeia por completo ( não podem ser duas folhas  a tapar a colmeia senão as abelhas passam pela sobreposição das folhas e matam-se umas às outras). Neste caso (ontem), utilizei um panfleto de publicidade, com um cheiro activo a tinta. Este aspecto é importante para que as abelhas de uma e outra colmeia, quando se encontrarem tenham o mesmo cheiro e não se matem.
- Fixar a folha com o própolis. Se estiver vento utilizar 3 ou 4 "pioneses".


Colmeia orfã por cima da colmeia
forte e cm mestra
- Ir buscar a colmeia orfã sem lhe retirar a contra-tampa. Retirar a colmeia orfã de cima do estrado e transportar para junto da colmeia coberta com a folha de papel;
- Colocar a colmeia orfã por cima da colmeia com mestra. Fazer com que ambas as colmeias fiquem bem alinhadas por forma a que as abelhas só possam sair e entrar pela entrada da colmeia.
- Ao fim de algumas horas começa a aparecer papel roído na entrada da colmeia. É sinal de que estão a roer o papel e que em breve as abelhas de ambas as colmeias se vão encontrar.
- Ao fim de uma semana pode retirar-se o papel à volta das colmeias e por cima dos quadros.

Espero que não tenham de utilizar este procedimento muitas vezes, mas quando utilizarem espero que tenham sorte.

Obrigado por consultar o meu blog. 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Região de Vendas Novas fustigada pelo mau tempo

Sobreiros tombados ns Landeira
   Esta semana que agora está a terminar, foi de temporal por todo o país.   Durante a semana, foram correndo notícias de que a zona de Vendas Novas tinha sido fustigada pela passagem de um pequeno tornado e que este tinha deixado um rasto de destruição por onde  passou; em particular na  povoação da Landeira, na qual telhados foram levados pelo vento, muros foram derrubados e bastantes árvores arrancadas.
    Como já referi várias vezes neste meu blog, o meu maior apiário encontra-se justamente na região de Vendas Novas. Durante a semana à medida que fui ouvindo as notícias, fui ficando cada vez mais preocupado com o que poderia ter acontecido às minhas           
Sobreiro arrancado pela raiz
colmeias. Se algumas tivessem sido derrubadas dos estrados, com o que choveu, por certo estariam mortas. Como o trabalho não permitiu, a visita ficou para hoje.
    Hoje, mesmo a chover, lá fui eu visitar o apiário de Vendas Novas. Passei pela Landeira, onde o rasto do tornado ainda é bem visível. Por onde passou deixou um corredor bem definido de árvores partidas ou derrubadas. Apesar da destruição que presenciei, fiquei logo descansado relativamente às minhas colmeias, pois o fenómeno fôra violento mas bastante localizado.


   Quando cheguei ao apiário constatei que estava tudo normal. Duas ou três colmeias destapadas por uma ou outra rajada de vento mais forte, mas tudo dentro da normalidade para esta época do ano. Tapei as colmeias destapadas e fiz uma inspeção ao apiário. Nestes dias de chuva, em que as abelhas trabalham pouco, se houver alguma doença na colmeia é provável que haja vestigíos à entrada, como por exemplo: abelhas mortas e com as asas atrofiadas em sinal da presença de varroas,  lavas cor de giz (doença da criação muito frequente nesta época). Nada. Tudo limpo. Regressei para casa.
   No regresso ainda tirei algumas fotografias à baragem da Minhola, que está completamente cheia. Toda a água que recebe sai pelo "ladrão" na mesma quantidade.

"Ladrão" da barragem da Minhola
"Ladrão" da barragem da
Minhola













Esta água que sai da barragem vai para a ribeira da Marateca e desta para o Rio Sado.
Só por curiosidade, nesta barragem, abundam as carpa e os achigãs.  A pesca da carpa para mim é passa-tempo de Verão.
Obrigado por consultar o meu blog.
 

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Colmeias bloqueadas

   Diz-se que uma colmeia está bloqueada quando há falta de espaço para a rainha continuar a sua postura. Esta falta de espaço deve-se sobretudo à falta de alças por cima do ninho, presença de quadros cheios de mel no ninho e rainha vigorosa que rapidamente preencheu os alvéolos disponíveis para a postura. Este fenómeno acontece com alguma frequência nesta altura do ano; e acaba por acontecer porque não estão reunidas as condições para enxamear, nomeadamente baixas temperaturas e falta de zangãos. Se as condições minimas para garantir a sobrevivência estivessem reunidas penso que acabariam por enxamear.
   Já me aconteceu em Fevereiro, ter colmeias bloqueadas de tal forma, que fora da colmeia fica um cacho de abelhas do tamanho de uma bola de andebol. Por vezes o tempo volta-se de chuva e este cacho de abelhas acaba por morrer por apanhar chuva. Quando se encontram nesta situação as abelhas trabalham pouco, ficando nós na suspeita de algum problema. Coloca-se uma alça por cima do ninho e tudo volta ao normal.

Colmeia a formar cacho no exterior
em Fevereiro. Sinla de está bloqueada
Este ano, contrariamente ao que esperava em virtude da muita chuva e consequente consumo de reservas, estou a ficar com colmeias e núcleos bloqueados. Na imagem da esquerda, é visível uma colmeia em que as abelhas já começam a juntar-se no exterior. Está bloqueada devido à grande quantidade de mel no interior do ninho. A solução é começar a pôr alças vazias por cima. Também alguns núcleos estão em situação idêntica. Tenho que os mudar para colmeias Lusitanas mais amplas. Trabalho para outro fim-de-semana.




Este fim-de-semana ainda foi de preparação de material.
Reparação de colmeias;
 
Colmeia reparada, pintada e
transformada em Lusiatana












Preparação de madeira de pinho (solho de cofragem) para execução de quadros.

Duas tábuas de pinho para
fazer quadros


Tábuas cortadas com comprimento
de 39,5cm para fazer a travessa
superior dos quadros













   Uma planta que aqui na região de Setúbal assume uma grande importância no arranque das colmeias, é o alecrim. A Serra da Arrábida está coberta de alecrim em flor e este ano com bastante nectar, em virtude da chuva intensa que caíu em Desembro e Janeiro. Para além do alecrim em flor, deixo aqui duas imagens da nossa bonita serra.

Alecrim na Arrábida

Alecrim na Arrábida










Vista da parcial de serra e de Tróia

Vista parcial da serra e da pedra da
Anicha (Portinho da Arrábida)












Como todos sabem por aqui o peixe é Rei e vale sempre a pena vir até cá comer um bom peixinho grelhado, uma boa dose de choco frito ou mesmo uma caldeirada. Pensem nisso...

Obrigado por consultar o meu blogue.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

É tempo de fazer manutenção ao material

   O mês de Janeiro já passou. Com ele passou também a melhor altura para curar as colmeias contra a varroa e para as mudar de sítio (apiário). O tojo, cuja floração garantiu fornecimento de polen às abelhas durante Dezembro e Janeiro, também entrou em declínio.
   Mas Janeiro trouxe-nos mais uma hora de Sol em cada dia e preparou muitas plantas que agora entram  em floração, permitindo o arranque das colmeias para atigirem o seu auge na Primavera. São exemplo disso a erva azeda ou erva canária, as faveiras, as amendoeiras, os saramagos e tantas outras.

Abelha na flor da erva azeda

Abelha na flor da erva azeda
Abelha na flor da faveira

Abelha na flor da faveira












Amendoeira em flor


Campo com erva azeda ou erva canária
em floração











   
     Para mim é hora de deixar as abelhas sossegadas por uns dias e tratar da manutenção do material. Nesta tarefa tenho a preciosa ajuda do meu sogro, que gosta de fazer trabalhos de carpintaria, pintura, etc... Nos últimos anos tem sido ele a fazer praticamente todos os quadros, estrados, núcleos e reparações. Este ano não vai fugir à regra; vamos aproveitar para reparar e transformar algumas colmeias que fiz à mais de 20 anos em colmeias Lusitanas.
   Iniciei-me na apicultura com cortiços do meu avô paterno; só mais tarde comecei com as colmeias de madeira. Fiz as minhas primeiras colmeias, com uma dimensão que é muito comum na zona de Santa Susana, Pego do Altar; em termos de secção têm 43cm x 43cm e em altura têm 28cm, ficando esta dimensão entre a colmeia Reversível (mais pequena) e a colmeia Lusitana (maior). Foi um erro que cometi quando optei por uma dimensão não standardizada.
   Algumas colmeias têm a parte que assenta no estrada já podre. Vamos remover a parte podre até encontrar madeira sã e depois aplicar acrescentes novos por forma a que a altura da colmeia (ninho) fique com 31cm que é a dimensão do ninho da colmeia Lusitana. Vou fixar os acrescentes com parafusos. Não vou colocar qualquer tipo de cola, uma vez que já tive muito más experiências com colas para madeira aplicadas em colmeias; libertam vapores tóxicos que matam as abelhas.

 
Pedaços de madeira podre retirados
da altura da colmeia (ninho)

Acrescentes de madeira nova prontos
para serem fixos à colmeia (ninho)












Colmeia (ninho) com os parafusos
para fixar os acrescentes
Aqui mostro o tipo de parafuso que vou utilizar para fazer a fixação. Depois é só pintar e fica pronta para receber um enxame.
Obrigado por consultar o meu blog.