domingo, 27 de agosto de 2017

Beewatching - lá vai mais uma carregada

   O calor tem sido intenso. A humidade, mesmo durante a noite, tem sido baixa. Estas condições fazem com que as poucas plantas com interesse apícola disponíveis, tenham muito pouco para dar. 
   Com tanta escassez de alimento e a varroa sob controlo, os trabalhos na minha apicultura reduzem-se à comercialização de alguns frascos de mel (há muitas pessoas com curiosidade em provar o melhor mel do mundo) e ao "Beewatching". Por certo nestes dias, são muitos os apaixonados pelas abelhas, que ao chegarem ao apiário pela manhã, se põe a observar a entrada das abelhas nas colmeias e a interiorizar para si mesmos - lá vai mais uma carregada de pólen; andam a trabalhar no cardo. É o que faço nestes dias quando chego aos meus apiários. 
   Se aqueles que observam aves, designam essa actividade por Birdwatching, também os apicultores e apaixonados pelas abelhas podem chamar, aos longos períodos que passam a ver a entrada de abelhas nas colmeias, Beewatching. 

É desta observação que vos falo.

Abelha a entrar na colmeia carregada de polen


Abelhas a entrar para o cortiço carregadas de polen.
Também nos campos podemos praticar Beewatching, avaliar as abelhas na recolha de pólen e néctar.
Segue-se uma imagem de uma abelha a trabalhar no cardo douradinho.
Abelha a trabalhar no cardo douradinho
O cardo douradinho floresce quase em simultâneo com o cardo vindima ou asnil mas aparece em muito menor quantidade. Já estive à conversa com vários apicultores que me disseram que este cardo dá origem a um mel saborosíssimo. 
Diferença entre o cardo douradinho e o cardo vindima ou asnil.
Cardo douradinho


Cardo vindima ou asnil
   Pela qualidade e procura que tenho tido do mel que as minhas abelhas do apiário de Vendas Novas produzem, decidi fazer naquela região mais um apiário para 10 a 12 colmeias. O local é magnífico e tem tudo para ser um bom apiário. Tenho somente receio dos texugos. O local é ermo e há texugos por ali. Quando a fome aperta ele atiram-se a tudo. Estou a fazer um teste com 3 núcleos. Se resistirem até fevereiro /2018 vou povoar até ficar completo; caso contrário é ideia para abandonar.
Ficam as imagens do local.
Local onde estou a instalar novo apiário de Vendas Novas

Local onde estou a instalar novo apiário de Vendas Novas (outra)

Novo apiário de Vendas Novas em construção


Novo apiário de Vendas Novas com dois núcleos.

Núcleo no novo apiário de Vendas Novas. Está metido no
meio das estevas para avaliar comportamento dos texugos.
   Saindo um pouco ao lado da apicultura, registei na zona das Caldas da Rainha como estão os pomares de maçã e pêra. Parece estar tudo extraordinário. É impressionante como árvores tão pequenas carregam com tanta fruta.  Ficam algumas imagens.
Pomar de maçãs

Macieira carregada de maçãs Royal Gala.

Macieira carregada de maçãs (outra)

Pernada de macieira carregada de maçãs Royal Gala.

Macieira carregada de maçãs (outra).
Até apetece apanhar e comer. Há que fazer pela saúde: segundo os ingleses "An appel a day keeps the doctor away" (traduzindo - uma maçã por dia mantém os médicos longe da nossa porta - isto é: mantém-nos saudáveis). Para além disso o consumo de maçã nacional também ajuda os nossos produtores e escoar as toneladas e toneladas de maçã e pêra que se produzem naquela região.

E pronto por hoje é tudo. Espero que goste e volte sempre.

Obrigado.

sábado, 1 de julho de 2017

Cresta 2017 - temos que ter esperança num bom 2018

    Fiz no passado fim de semana de 24 e 25 de junho, a cresta de 2017 do apiário de Vendas Novas. Acabou por não ser uma desilusão porque desde o final de abril que sabia o que me esperava. Ainda tivemos no ínicio de maio 3 dias de chuva que animaram o cardo pintassilgo mas não foram suficientes para alterar o mal que vinha de trás. O rosmaninho no final da 2ª semana de abril começou a enfraquecer, a soagem nem sequer teve força para florir; apenas algumas plantas dispersas. O mel que acabei por tirar é o resultado de uma breve floração do cardo pintassilgo.

     Relativamente a enxames também 2017 é um ano para esquecer: saíram poucos e pequenos. Isto para mim não é nada bom, em especial porque no apiário de Vendas Novas não houve renovação de mestras. Já sei que algumas colmeias com mestras mais velhas não se vão aguentar durante o inverno.

      Não vou falar da varroa porque a apicultura para mim é suposto ser um passa tempo divertido.

Ficam as imagens de uma cresta que, pesando todos os pratos da balança, tenho de a considerar positiva: não tive nenhum acidente, o mel mais uma vez é de grande qualidade e reuni toda a família à volta do mesmo tema, em especial o meu filho que durante um fim de semana quase não tocou nos jogos de computador. 

A melhor colmeia de 2017. Este era o aspeto geral daquela que foi
a colmeia com mais mel.

A melhor colmeia de 2017. Pormenor.

As colmeias ditas normais tinham o aspeto seguinte: pouco mel e poucas abelhas.

Colmeia normal de 2017. Pouco mel e poucas abelhas.
Imagem de pormenor.

Em muitas colmeias os quadros com ceras novas que coloquei ficaram com a cera quase puxada e sem mel.
Quadro com cera por puxar.
Mais uma vez se provou que a sul do Tejo, é o mês de abril a chave do ano apícola.
Na minha memória fica um mês de abril em que não caiu uma gota de água.
Na minha memória fica também 2017 como o segundo pior ano em termos de quantidade de mel.

Na minha memória está também o período de seca entre 2004 e 2005: choveu no dia 4 de outubro de 2004 e só voltou a chover no dia 9 de abril de 2005. Nesse ano de 2005 tirei cerca de 50Kg de mel. Foi o pior ano de sempre.

Mas também está na minha memória que em 2006, o celebre ano em que nevou por todo o país no dia 29 de janeiro de 2006, foi um dos melhores anos de sempre. 

Depois de um mau 2005 veio um 2006 excelente, fica a esperança que 2018 seja um ano excelente.

Sem mais. Volte sempre.

Joaquim Santos